sexta-feira, julho 7

EPISÓDIO 3

Música lenta, batidas rítmicas espaçadas. Voz feminina que se mistura com desejos. Papéis amassados que se misturam com memórias. Vento frio, poeira, ácaros. Demônios que exigem luta, suor, e muito ranho derramado — por pelo menos três horas. Mas Henrique possui a coragem de um gladiador. Como todo bom mocinho, é claro que venceu. Naquela tarde, seu quarto estava — mais ou menos — arrumado. Alguns papéis em cada gaveta, algumas fotos em seu devido lugar.

Telefone toca. Vermelho, com discador antigo, de disco. Henrique, se recuperando da alergia com o lenço amassado abaixa o volume do rádio, "Alô?!" e do outro lado alguém com uma vasta barba cinza "Prrronto?!"

"Anh... Quem fala?"

"Henrrrique Machado, finalmente!" Charuto, fumaça saindo da boca.

"Sim sou eu, anh, o sessenhrr, o-o q-que o senhor..."

"Te avisar. Prrro teu azar, tarde, mas paciência. Eu te digo, rapaz. Não ouse sair de casa nesta noite..." Dentes amarelos.

Henrique confuso. Henrique assustado.



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