sexta-feira, março 30

Machado deu três passos para fora da boate. Surpreendido por uma chuva espessa e os braços fortes de um homem de terno, viu-se preso com força contra uma parede que sustentava um grande poster de uma mulher exibindo os seios nus. O colarinho e a gola de sua blusa estavam sendo seguradas por mãos fortes, e respingavam a enchente que tornava as ruas frias extremamente molhada.

"Este é o primeiro aviso". O punho do vulto gigante vestido de terno voou contra a mandíbula de Henrique, que pareceu cuspir um dente com o soco da mão que mais parecia uma estátua de bronze.

Quatro vultos. Era o que aquele jovem rapaz caído conseguiu contar enquanto raios piscavam e trovões faziam o chão tremer. O chão molhado, acompanhado de uma maldita dor tomou conta de seu corpo enquanto o quarteto chutava Henrique. Os sapatos de couro encharcados misturavam água ao seu sangue e não paravam de golpeá-lo. "Eu não devia ter me metido nessa!" sua mente repetia.

No momento em que Henrique não conseguia mais conter seus gritos eles pararam. Um dos homens de ombros largos se aproximou de Henrique, que mal conseguia abrir os olhos. Ele sentiu um cano gelado encostando em seu pescoço, fazendo-o novamente encostar sua cabeça na parede, ainda no chão. "Esperamos que a gente tenha sido claro com você, moleque." Guardando a pistola no coldre abaixo do paletó, ele catarrou em Machado. Aos raios, na queda de um trovão próximo, se levantou com um sorriso sarcástico, deixando o pobre jovem espancado para trás. Eles tomaram um carro nobre escuro antigo, e arrancaram ao ruído do cantar de pneus.

Entregue e nocauteado, Henrique Machado desmaiou, deixando a tempestade lavar seu corpo e suas roupas rasgadas manchadas de seu sangue na frente da boate iluminada por luzes de neon.

Um comentário:

Periodista disse...
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